Um contra o outro
- O Autor
- 22 de jan. de 2019
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Mas parece que tu e o amor estão sempre a desencontrar-se. Bates à porta e ele não te ouve e se te toca à campainha estás no banho. Então chegas, mas ele já saiu, sem nunca ter vindo. E se se encontram no mesmo corredor de supermercado não olham um para o outro que a lista de compras é longa. No parque, quando vais está vazio e quando ele decide ir, há gente de mais para que te possa ver. Depois olhas para o relógio e ele atrasou-se e quando volta tu ficaste presa no trânsito. Então deixas algum tempo passar, mas ele já se antecipou e se apressas o passo desta vez é ele quem se deixou atrasar pelas montras da rua direita. Não te sei explicar. Às vezes pergunto-me se és tu que fazes de propósito. Se gostas de ser assim, só uma imensidão de saudades, a desejar o que já se foi, cansado de esperar o que nunca chegou. Ou se é ele, o amor, que brinca contigo, que avariou os relógios e escolhe sempre os caminhos mais sinuosos. Talvez não conheça atalhos. É isso, talvez não haja atalhos para ir ter contigo. Ou sejas tu que avarias os relógios e te reges por uma linha temporal diferente da dos outros. E no meio do turbilhão e da azáfama que é a tua vida, uma coisa é certa, vocês andam sempre juntos, só que desencontrados.
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