Março

A vida é este baloiço em que insisto em brincar, ora movida ao sabor da corrente, do sentimento, de querer; ora à espera que puxemos por ela, do alto da montanha, que agarremos em todas as forças e a façamos balançar sem medo. E do alto deste baloiço, tenho uma certeza que me acompanha, cada vez mais forte, dia após dia: a de que ainda não parei, ainda estou à procura do meu caminho, ainda estou a abrir portas e a explorar o mapa, ainda não me resignei independentemente de tudo e de todos. E no meio de todas as coisas que nos vão acontecendo na vida, hoje tenho a certeza de que o querer e o crer fazem este baloiço continuar a mover-se entre idas e voltas e que tudo o que não me completa há de ir para tudo o que é meu poder voltar. E por isso, hoje, do alto deste baloiço que insiste em ter o seu próprio ritmo, escolho acreditar e confiar. Que tudo o que se perde arranja forma de voltar para nós; que tudo o que já nada nos acrescenta se liberta e abre espaço para algo melhor chegar; que tudo que se atravessa no nosso caminho tem um significado maior ainda que às vezes não o consigamos compreender, que tudo o que foi feito para durar vai durar o tempo que for necessário. Hoje escolho viver por inteiro e permitir que este baloiço encontre o seu próprio ritmo, o meu próprio ritmo, o da felicidade de quem vive autêntico.