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Janeiro

  • Foto do escritor: O Autor
    O Autor
  • 3 de abr. de 2019
  • 1 min de leitura

Subimos, subimos tanto. E a cidade lá em baixo a acontecer, os horários e o transito, formigas, são todos formigas. Subimos, tanto. A vertigem, sinto a vertigem apoderar-se de mim, cansei-me da subida. Alcançámos o topo, indiferentes à vida a acontecer, mas agora quero saltar. Olho para a terra, aqui do topo da vida, do topo de nós e preciso tanto de encontrar o meu lugar. Um lugar. Lá em baixo. Já não sei se quero ser pássaro ou formiga. Olho para eles e parecem todos tão felizes no dia a dia. Felizes. Dá-me o tempo e o espaço. Dá-me a realidade. A minha e a tua. A nossa. Porque já me cansei de todas as farsas nesta subida vertiginosa. Dá-me a força, agora que os meus ossos quebram e as entranhas gritam de cansaço. É agora que preciso da tua força. Dá-me um beijo para a posterioridade, quando formos formigas será tudo o que nos restará. Abre os olhos! Abre os olhos, caramba! Olha para eles lá em baixo, olha para nós aqui. Que temos? Confusão e sentidos toldados pela subida quando nos falta o chão. Feridas a sangrar, a gravidade, a força da gravidade a sugar-me e tu, tu que insistes em olhar apenas para mim sem me esticares a mão. A cidade lá em baixo e todo o amor por cima de mim, tão perto, a olhar para mim, mas tão distante. Tão pesado. Sufoco. Em ti. Dá-me amor acima de tudo, de tudo isto, de todas as formigas, de toda a vertigem, dá-me amor acima deles todos. Faz-me acreditar que ainda vale a pena. Estende-me a mão. E subimos, subimos tanto.

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