Podes.

Também podes cair, deixar-te afundar, deixar que o vazio que trazes no peito se alastre, podes ir lá ao fundo, sentir o chão duro e frio, a vida dura e fria. Podes chorar e gritar e deixar que as lágrimas caiam desesperadas. Podes parar e perder um dia da tua vida, podes optar pela apatia e pelo silêncio e deixar que a solidão te devore, podes sentir-te morrer e sentir que nada faz sentido. Podes desvalorizar tudo o que a vida te dá e não querer nada mais, podes deixar que a vontade de desistir fale mais alto e tapar os ouvidos ao riso, podes deixar-te levar pela sensação de injustiça, pela tristeza desmedida e pelo cansaço de quem luta sem nunca vencer. Podes cair aos pedaços mesmo em clima de festa e ser sorumbático e melancólico mesmo envolto em luz, podes deixar que os motivos para chorar sejam superiores a toda a euforia e deixar escassear a vontade de continuar na luta. Todos podemos, todos temos dias assim, também é isto a humanidade.