I. Agarrar a vida

Agarrei-me à vida quando decidiste pegar nas malas e sair porta fora daquele que seria o último dia em que te veria. 

Agarrei-me a tudo o que tinha embora nada parecesse ser suficiente para preencher o vazio, a dor e a desilusão que sentia todos os dias em que acordava, fingia sorrisos e me deitava, com o rosto coberto em lágrimas. 

Agarrei-me à vida quando decidiste deixar a minha cama, sair porta fora e nem sequer te despedires de mim. 

Agarrei-me a tudo o que não tinha para não querer fazer da minha ausência ainda mais dolorosa que a tua para aqueles que me amavam. 

Agarrei-me à vida quando perdi tudo o que tinha e fui deixada para trás como alguém esquecida entre memórias que já não significavam rigorosamente nada. 

Deixei a vida agarrar-me quando quis terminar com tudo o que me causava dor e só percebi aí que nunca fui eu que me agarrei à vida, mas sim, que a vida proporcionou tudo para que me agarrasse a ela e não desistisse.

Agarrei-me à vida porque a única coisa que me restava era eu própria, as minhas emoções, as minhas feridas e os meus arrependimentos. 

Agarrei-me à caneta para te escrever isto, hoje:

Agarra a tua vida quando ninguém te quiser segurar.

Texto escrito por: byiols https://byiols.wixsite.com/writingfeelings