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Do verdadeiro amor

  • Foto do escritor: O Autor
    O Autor
  • 11 de mar. de 2018
  • 2 min de leitura



No outro dia levei-te ao autocarro. Chegou um casal de mãos dadas. Mas nós não. Depois quando foste arrumar a tua mala reparei no outro casal que lá estava, despediram-se ardentemente entre beijos. Mas nós não. E quando te envolvi num abraço de despedida havia um casal com a idade para serem nossos pais, olhavam para nós atentamente já desde o momento em que te atreveste a cruzar um dedo no meu. Ainda que nós não. E quando fiquei a sorrir que nem uma perdida (que sou sem ti) a velhota que estava lá ao lado lançou-me um olhar reprovador. Ainda que nós não. Não me posso despedir de ti com um beijo, nem entrelaçar as minhas mãos nas tuas, nem acariciar-te a face rosada porque, aparentemente, amar prejudica os outros, amar-te assim genuinamente tal como és perturba os outros. Dizem que as pessoas se sentem ofendidas pelo amor, vá-se lá perceber, a única coisa que me ofende é a falta de amor ao próximo que vejo todos os dias na rua, mas ainda assim amar-te é que é incorrecto dizem eles. Ainda que saiba que dependo mais de ti do que o casal que chegou de mãos dadas e que o teu beijo é mais verdadeiro do que todos os beijos que aquele casal insistiu em trocar, ainda que saiba que seremos pais melhores que aquele casal que nos seguiu com o olhar e que nunca serei uma velha sozinha numa paragem de autocarro porque te terei comigo. Ainda que nós não nos possamos amar livremente, ainda que nos cortem as asas, ainda que reprovem o amor verdadeiro no seu estado mais puro, ainda que não sejam capazes de amar e tenham aqueles corações gelados, continuarei a querer levar-te comigo para todo o lado, porque eles não sabem amar, mas nós sim.

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