Despe-me.
- O Autor
- 24 de jun. de 2018
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Despe-me. É tudo o que preciso. É tudo o que te exijo. Eu e tu não precisamos de palavras em vão. Despe-me e deixa-me ser apenas eu. Sem entraves, nem imposições. Deixa-nos ser apenas nós. Que eu e tu não precisamos de mais nada. Nem o mundo lá fora, nem essa roupa que trazes agarrada ao corpo que me pertence, nem os conselhos que trazes de quem pensa conhecer-te, quando eu te penso todos os dias e te conheço como a palma da minha mão, porque te tenho nela. Como me tens. Despe-me então e faz disso rotina. É preciso lavar os dentes e é preciso que me dispas para ser saudável. É preciso um gemido para contornar as exigências da vida e as negligências de quem tem medo. Podes despir-me a alma também, ou morrer a tentar, como morro todos os dias de amor por ti. E se este amor morrer, deixa tudo a nu para que saibam como é viver assim. Então despe-me, mas despe-me como deve ser. Até não sobrar um milímetro de pele por descobrir, nem um segredo por desvendar, até o coração arder e a alma ter sossego. Somos apenas dois corpos que se desejam, não nos desperdices, que o meu maior desejo é que me dispas de mim e me deixes ser tu, entrar em ti, tu em mim, sem barreiras nem entraves, duas almas, um puzzle. Despe-me, por favor.
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