Carta de demissão.
- O Autor
- 26 de nov. de 2018
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Demito-me de ti e das funções de te amar. Não nasci para amar em função de nada. Não nasci para ser essa mulher de meia-lua. Não nasci para ser essa mulher que aceitas, porque aceita. Não nasci para ser a bruxa má que te controla todos os horários e afazeres. Nem quero ser a fada do lar que passa horas na cozinha, prendada, à espera do peru no forno. Não sou cozinheira, nem te quero alimentar! E se queres comer, vai comer para a casa da tua mãe! Mas também não nasci para ser a nora irritante, nem para berrar por tudo e por nada. A que cala e sorri nunca soube ser. E para descalçar os sapatos antes de entrar em casa também não sirvo, mais ai de ti se pensas que nasci para andar com a vassoura atrás, ou para andar atrás da vassoura. Não ando atrás de nada. Muito menos de ti. A que fala, docemente e cede a tudo também não me convence. Não nasci para ser um manequim sem identidade, nem coquete e delicada. Se queres uma boneca, compra a de plástico da sexshop ali da esquina, não que eu algum dia tenha entrado lá, mas também não sou mulher para andar a inventar desculpas. E por falar em desculpas, não nasci para fazer amor e para te chamar de ‘amorzinho’, mas também não nasci para me desculpar quando não me apetece o teu sexo no meu, nem pelos palavrões que solto quando me apetece. Sim, quando quero e bem me apetece! Demito-me de ti e das funções de te amar. Não nasci para amar em função de nada.
Mas amo-te.
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