Apago-te

Sou incapaz de te apagar, não tenho borrachas, e se tenho são todas daquelas azuis que diziam apagar caneta mas que só rasgavam as folhas, que eu disse que te apagava num abrir e fechar de olhos, mas tudo o que sou capaz de fazer é rasgar-me em pequenos pedaços cada vez que fecho os olhos e vejo um fragmento de ti para depois os abrir e ver-te por completo, invisível. Talvez sejam os outros que são cegos, afinal. E eu não tenho produtos para o invisível que se esconde nesta cabeça. Nem desmaquilhantes de alma. Sempre gostei de ti ao natural. Nunca achei que fosse preciso embelezar-te, quanto mais desembelezar-te. De mim.