Amores reais

O problema é que passamos a vida a procurar um amor como aqueles que vemos nas redes sociais, queremos o amor que vemos nas fotografias, um amor de frases feitas e citações conhecidas, um amor com filtros e o contraste no mínimo, leve, esbatido, mas bonito. Só que o amor não é assim, minha querida. O amor real envolve dois corações a bater descompassados, envolve a voz que treme, que falha, as palavras que faltam, os sentimentos que gritam. O amor real envolve o medo e a partilha dele, de cada receio, de cada falha. A divergência de opiniões e as perguntas que ninguém quer fazer. É preciso sentir o medo e ter-se muita coragem para entrar no outro, conhecer-lhe o interior e dares-te a conhecer independentemente do que isso possa parecer. É preciso muita coragem para enfrentar quem amamos. O amor real envolve o silêncio, o choro, as lágrimas poéticas e o riso de loucura. Envolve dois corações a bater descompassados, já te disse? O desalinho constante, a dúvida constante, todas as promessas quebradas, a maldita da espera e muitos desejos realizados e fazer disso tudo uma constante. O amor real é tremido e nem sempre fica bem na fotografia; nem sempre vais agradar ao outro coração, nem sempre o vais reconhecer; é preciso muita coragem e ousadia para se viver um amor real, não continues a procurá-lo nas redes sociais. Porque o amor real não tem filtros, não tem horas certas e raramente agrada a muitos seguidores. Não se pode recortar como a fotografia que recortas para esconderes o que não queres que o outro veja, não se pode puxar o brilho, porque cada coração sabe brilhar ao seu próprio ritmo; não se pode fingir, fingir porque sim, fingir para agradar, o amor real não é fingido, mesmo que seja para agradar, sabe que o amor real não é fingido. É real. Com todos os defeitos e dúvidas e diferenças. É real porra! Não faças mais isso a ti mesma minha querida, não te iludas assim, não procures assim. Sê real. E nesse dia terás todo o amor do mundo. Terás um amor de verdade, daqueles que valem a pena partilhar porque se é feliz como jamais se imaginou ser.